As línguas estranhas, faladas em Atos 2, nos fazem lembrar o episódio da Torre de Babel, descrito em Gênesis 11. Ambos os relatos mantêm, entre si, uma relação de semelhanças e contrastes.
Em Babel, havia um povo unido em torno de seus próprios interesses, com o propósito de edificar uma cidade e uma torre que alcançasse o céu.
Em Jerusalém, os primeiros cristãos, reunidos no cenáculo, aguardavam o derramamento do Espírito Santo para começarem a história da igreja.
As duas narrativas mencionam intervenções divinas que afetaram a comunicação, especialmente os idiomas.
Em Babel, as pessoas começaram a falar diferentes línguas para que um não entendesse o outro e, assim, a construção não pudesse continuar.
No Pentecoste, havia judeus de todas as partes do Império Romano, reunidos para a festa da colheita. De repente, pelo poder do Espírito, os cristãos começaram a falar nas línguas daquelas pessoas, para que todos pudessem entender a mensagem do evangelho.
Desse modo, a missão anunciada por Cristo em Atos 1.8, aparentemente impossível, devido à diversidade de idiomas falados no mundo, tornou-se viável por meio do dom sobrenatural.
Hoje, depois de tantos séculos, é sempre importante avaliarmos a obra que realizamos. Babel, cujo nome significa “porta de Deus”, pode ter aparência espiritual, mas o seu propósito é a glória do homem. Mais tarde, naquele lugar foi estabelecido o Império da Babilônia. Aquele projeto representa todo esforço humano para alcançar o céu, mas o evangelho, anunciado pela igreja, apresenta a obra divina para resgatar o pecador e levá-lo à presença de Deus.
Quando o Senhor interferiu em Babel, ele espalhou aqueles homens pela face de toda a terra com o objetivo de povoá-la. Em Atos, após a festa de Pentecoste, os judeus que ali estavam voltaram aos seus países de origem levando as boas novas.
Além disso, para que se cumprisse a missão de Atos 1.8, temos o relato de Atos 8.1, quando os cristãos foram dispersos para pregarem o evangelho, conforme está escrito:
“E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria”.
Deus tem os seus meios para nos reunir e nos espalhar, de acordo com os seus soberanos desígnios. Sobretudo, ele suprirá os recursos necessários, no tempo certo, para a realização do trabalho.
Assim, a obra continuou. O restante do livro de Atos nos conta como a igreja alcançou os confins da terra, na execução de um propósito missionário que continua até os nossos dias.
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Pr. Anísio Renato de Andrade é analista de sistemas, pós-graduado em Tecnologia da Informação e bacharel em Teologia. Pastor auxiliar na Igreja Batista da Lagoinha e vice-presidente da Associação Oni Movement.