Toda missão é um trabalho especial e, via de regra, difícil de ser executado, mas, antes das missões, estão os propósitos. Em outras palavras, determinado propósito pode envolver diversas missões ao longo
do tempo.
Antes da criação, Deus já tinha seus propósitos definidos. Embora não possamos prescrutá-los em plenitude, sabemos que o alvo do seu desejo era a existência de um ser semelhante a ele, com quem pudesse ter
comunhão e, por meio do qual, fosse glorificado.
Nesse sentido, Deus fez o homem e lhe deu a missão de encher a terra, para constituir um povo que pudesse amar e servir ao Criador. Sabemos, porém, que o pecado tornou-se um obstáculo nesse processo.
Entretanto, de imediato, Deus revelou seu propósito de salvar o homem e destruir Satanás, como está escrito:
“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e o seu descendente; este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15).
Para tanto, algumas missões seriam necessárias, começando com os patriarcas Abraão, Isaque, Jacó e seus filhos. Em seguida, a nação de Israel, formada pela descendência daqueles homens, estaria incumbida da missão de trazer ao mundo o Salvador.
Assim, nesse grande contexto encontram-se inseridas as missões específicas dos profetas e reis do Antigo
Testamento. Finalmente, no tempo determinado, Maria recebeu a nobre missão de gerar o Filho de Deus. Então, Jesus Cristo nasceu para realizar o seu propósito de salvar os pecadores.
O inimigo tentou desviá-lo do objetivo, mas sua consciência e determinação estavam focados na vontade do Pai. Depois de consumar a obra, com sua morte e ressurreição, o Mestre enviou os apóstolos com a missão de pregar o evangelho e estabelecer a igreja.
Este povo, remido pelo sangue do Cordeiro, tem agora a missão de continuar o trabalho apostólico até que o Senhor Jesus volte. Nesse arcabouço, encaixam-se todas as funções e ministérios da igreja.
Vemos, portanto, que o propósito de Deus se realiza por meio de várias missões ao longo da história humana. Indivíduos e povos escolhidos contribuem, a seu tempo, realizando o que Deus determinou. Essa múltipla participação nos mostra que nenhum de nós é suficiente para realizar a obra de Deus, mas todos os salvos dela participam na medida dos seus dons, capacidades e dedicação.
O Senhor Jesus poderia ter feito tudo sozinho, no sentido de evangelizar o mundo, mas ele nos dá a oportunidade e o privilégio de participarmos. Também é verdade que o inimigo se levantará contra toda missão estabelecida por Deus.
Nessa oposição ferrenha, ele também usa indivíduos e povos. É o que vemos em toda a bíblia. Satanás atua numa espécie de “missão contrária” a tudo que Deus estabeleceu. Assim como ocorreu aos patriarcas, reis, profetas e apóstolos, nós também enfrentamos combates, obstáculos e propostas de desvios, mas, com a graça do Senhor, continuaremos firmes em nossa jornada.
O resultado será a nossa singela contribuição para a formação e aumento constante daquele povo desejado por Deus desde o princípio, para a comunhão com ele e a participação em sua eterna glória.
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Pr. Anísio Renato de Andrade é analista de sistemas, pós-graduado em Tecnologia da Informação e bacharel em Teologia. Pastor auxiliar na Igreja Batista da Lagoinha e vice-presidente da Associação Oni Movement.