O capítulo 10 de Mateus nos mostra a lista daqueles que Jesus chamou para serem seus discípulos e, mais tarde, seus apóstolos. Embora fossem vocacionados para a missão evangelística, o chamado era, antes de tudo, para a comunhão com Jesus, a salvação e o aprendizado.
Ele não escolheu os doutores da lei, mas, em sua maioria, homens simples, alguns deles pescadores, tais como Pedro, Tiago e João. Se fôssemos montar aquela equipe, talvez escolheríamos pessoas doutas e preparadas. Jesus, porém, escolhe, principalmente, os humildes e rejeitados, como era o caso do publicano Mateus.
Não sabemos por quanto tempo eles andaram com o Mestre antes daquele envio específico, narrado no mencionado capítulo, mas, certamente, foram treinados em tudo que era necessário. Além disso, não foram enviados de qualquer maneira, mas receberam diretrizes especiais para que o trabalho fosse bem-sucedido, como está escrito:
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos, nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordões; porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos retireis.
E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas” (Mat.10.5-16).
Tais orientações contêm princípios que deveriam ser observados para que a missão não fosse distorcida ou prejudicada. Assim, os discípulos deveriam ser cuidadosos quanto aos lugares por onde iam, o público-alvo, a relação com os bens materiais, a mensagem a ser pregada etc.
Guardadas as diferenças de contexto, nós também precisamos ser cuidadosos quanto aos erros que possam ocorrer, bem como em relação às ciladas no inimigo. Sobretudo, não podemos mudar a mensagem nem colocar o ganho material como nosso objetivo, pois isto é secundário.
Além de tudo, a missão cristã precisa ser caracterizada por fatos sobrenaturais. Não se trata apenas de espalhar o evangelho, mas é necessário que a nossa pregação produza frutos imediatos em forma de curas, milagres e libertação. Não é suficiente que tenhamos recursos humanos, financeiros e boas estratégias de marketing. Precisamos da manifestação do poder de Deus.
Não podemos fazer a obra de qualquer maneira, mas com zelo e fidelidade. Nesse sentido, o trabalho não é o principal, mas sim o relacionamento com Jesus.
Enfim, naquela equipe apostólica, até Judas Iscariotes teve sua oportunidade. Contudo, desviou-se da missão para um propósito maligno. Que tal coisa não aconteça conosco, mas que sejamos fiéis como os demais apóstolos que cumpriram a vontade do Mestre e entregaram suas vidas pelo reino de Deus.
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Pr. Anísio Renato de Andrade é analista de sistemas, pós-graduado em Tecnologia da Informação e bacharel em Teologia. Pastor auxiliar na Igreja Batista da Lagoinha e vice-presidente da Associação Oni Movement.