Quando os israelitas, depois de atravessarem o deserto, se aproximaram de Canaã, se viram diante de uma cidade chamada Cades-Barnéia. Então, Moisés selecionou 12 líderes, um de cada tribo, para fazerem o reconhecimento da terra. Imediatamente, ao verem os gigantes, ocorreu um choque entre a expectativa e a realidade, como se Deus não lhes houvesse dito o que ali encontrariam.
Entretanto, o Senhor havia falado sobre os bens e os males da terra prometida, inclusive acerca dos seus habitantes:
“E acontecerá que, quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, e dos heteus, e dos amorreus, e dos heveus, e dos jebuseus, a qual jurou a teus pais que te daria, terra que mana leite e mel, guardarás este culto neste mês” (Êx.13.5).
“Porque o meu anjo irá adiante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos perizeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus; e eu os destruirei” (Êx.23.23).
Ao que parece, eles se lembravam apenas da parte referente à “terra que mana leite e mel”.
Embora a missão daqueles homens não fosse o evangelismo nem a implantação de igrejas, o desafio que enfrentaram tem alguns pontos em comum em relação às missões cristãs.
Desde a era apostólica até hoje, o Senhor tem escolhido homens e mulheres para anunciarem a sua palavra em todos lugares. Esses missionários, tais como os antigos espias, recebem a incumbência de romperem fronteiras de todo tipo, conquistando territórios com a mensagem do reino de Deus.
As missões da igreja estão inseridas num contexto de guerra espiritual. Em todos os lugares aonde chega um pregador do evangelho, encontram-se gigantes, ou seja, principados e potestades que se levantam contra os servos de Deus.
Dos 12 espias, 10 se mostraram desanimados diante do inimigo. Da mesma forma, hoje, muitos podem se sentir fracos e impotentes nos campos missionários, tendo em vista as enormes dificuldades que se apresentam.
Entretanto, todos os servos de Deus devem se inspirar no exemplo de Josué e Calebe, os únicos que mantiveram a fé e a coragem, confiando plenamente na promessa do Senhor.
Os 10 espias incrédulos influenciaram o povo e milhares foram derrotados naquele dia, sem que tivessem lutado contra os inimigos. A batalha, portanto, foi perdida em seus próprios espíritos e mentes.
Por consequência, Deus não permitiu que Israel entrasse na terra, mas ordenou que eles peregrinassem mais 38 anos no deserto.
Apesar de tudo, Josué e Calebe continuaram fiéis ao Senhor. Quando se aproximaram de Canaã pela segunda vez, eles entraram e foram vitoriosos. Afinal, os israelitas jamais venceriam por sua própria força, pois, desde o princípio, Deus havia dito que enviaria um anjo para destruir os adversários. Da mesma forma, a nossa vitória, em todas as missões, é um milagre.
Não sejamos daqueles que desanimam e desistem, mas dos que perseveram no cumprimento da incumbência que Deus nos deu, sabendo que os gigantes são muito grandes, mas, como está escrito: “Maior é o que está em vós do que aquele que está no mundo” (1João 4.4).
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Pr. Anísio Renato de Andrade é analista de sistemas, pós-graduado em Tecnologia da Informação e bacharel em Teologia. Pastor auxiliar na Igreja Batista da Lagoinha e vice-presidente da Associação Oni Movement.