Introdução: Vamos aprender como mudar o nosso foco com relação as pessoas que Deus coloca em nossos caminhos ‘missionários’ e como ajudá-las a não só conhecer o Senhor, mas também desenvolver os talentos que Deus lhes deu.
1 Coríntios 1:26-31: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele. É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como está escrito: Quem se gloriar, glorie-se no Senhor”.
Compreendendo o mundo atual. Estamos vivendo um tempo bem peculiar como igreja e missões. Ser igreja hoje e desenvolver projetos missionários não é o mesmo como foi na época dos nossos pais, tempos atrás. Por isso quando falamos de mudanças, temos que saber quais as coisas que devemos preservar, defender e nunca mudar.
Quais são essas coisas? Essa é uma tarefa muito sensível. Nessa era global, onde a internet eliminou as distâncias, e as redes sociais com milhões de visitas, onde você pode estar falando em sua casa e pessoas te ouvindo em outros lugares do mundo, mostra que estamos pastoreando a igreja em um mundo complexo. Nossos pais nos treinaram para viver num mundo que desapareceu com eles, e agora estamos em outro mundo.
O que fez essa cultura tecnológica? Produziu uma cultura simplificada. Tudo foi simplificado pela tecnologia. Até as coisas complexas do ministério estão sendo simplificadas.
Entenda que tornar simples o que é complexo, apesar de ser muito difícil, é nosso chamado. Quando Jesus veio a terra, Deus havia deixado 10 mandamentos, mas os religiosos judeus complicaram tanto, que na época de Jesus, havia 613 mandamentos, 248 eram mandamentos positivos e 365 eram mandamentos negativos, e entre os negativos havia mandamentos vinculantes e não vinculantes. Isso era muito complexo.
Jesus se manifestou nessa época complexa da religião, que de 10 mandamentos transformou em 613, e perguntou aos religiosos sobre o maior mandamento daqueles 613, mas, também Jesus respondeu simplificando esses mandamentos: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”. (Mateus 32:36-40). Jesus simplificou o complexo, resumindo os 10 mandamentos e os 613 criados pela religião em dois.
Como missionários podem instruir e orientar os que ainda não foram instruídos no evangelho? Eliminando tudo que é desnecessário. Morris Cerulo, um grande evangelista disse uma vez: “Pregamos muito tempo e temos produzido pouco resultado, termos produzido cada vez menos frutos”.
Há três perigos que as coisas desnecessárias produzem no campo missionário.
- Primeiro: “O desnecessário cruza o caminho do necessário e divide a atenção, os recursos e o tempo”.
- Segundo: “O desnecessário oculta, esconde o que é necessário no trabalho em um campo missionário”.
- Terceiro: “O desnecessário impede que o necessário venha se destacar”.
Lamentavelmente as coisas desnecessárias não são coisas más e nem coisas boas. Esse é o problema.
O que podemos fazer para eliminar o desnecessário dentro do trabalho missionário: Vamos trabalhar para fazer com que a simplicidade do Reino com todo o seu poder retorne. Assim vamos poder ensinar, instruir e guiar as pessoas que não faz discípulos e nem servem ao Reino de Deus, que são a maioria dentro no campo missionário, mas elas fazem parte de 99% das pessoas com um talento.
Por que instruir pessoas? Jesus disse em Mateus 25, que o que recebeu um talento o escondeu, isso significa que é muito mais provável que a pessoa que acredita que Deus lhe deu pouco fracasse. Pastor David Yonggi Cho disse: “Temos que conseguir ativar as pessoas de um talento dentro da igreja, pois elas são a maioria”. Por esse tipo de pensamento igreja dele, se tornou a maior igreja no mundo, em uma nação budista.
A maioria das pessoas alcançadas e não alcançadas, são um fracasso em suas atividades no mundo. A maioria não são intelectuais, não são brilhantes, não são sucesso ou bem sucedidas, mas Deus lhes confiou um ‘talento’ para envergonhar os sábios, como vimos em 1 Coríntios 1:26-42.
Sonhar com multiplicação de almas convertidas sem treinamento é uma ilusão, porque tudo passa pela capacidade que temos para capacitar as 99% com um talento. Exemplo: Observe em espírito a grandeza oculta de uma mulher que frequenta os encontros na missão: largada do seu marido, enfrenta a vida com três filhos, trabalhando 12 horas por dia, porém essa mulher esconde dons e habilidades, e Deus a coloca em nosso caminho, para que possamos trabalhar para ela soltar todo o potencial para servir o reino de Deus.
Os competentes não precisam ser instruídos, mas os incompetentes sim. Essas 99% de pessoas que compõem a nossa ação missionária, vê os 1% usando os três ou cinco talentos que Deus lhes deu, e acham que não vale a pena tentar servir ao Reino de Deus com um talento. Elas se acham incapazes por dois motivos (1) comparação com a capacidade dos que tem mais talentos, (2) comodismo em achar que é obrigação dessas pessoas talentosas fazer tudo o trabalho do Senhor. Mas se conseguirmos ativar essas 99% das pessoas que se sentem incompetentes com um talento, vamos provocar uma revolução na vida das pessoas, na missão, nas cidades e em nossa nação.
Por quê?
- Porque a grandeza se encontra camuflada nas pessoas.
- O talentoso rei Saúl nunca viu a grandeza num pastor pequenino escondido cuidando das ovelhas do seu pai, que era Davi.
- Os irmãos de Jesus nunca viram a grandeza escondida em seu irmão Jesus.
- Rute viu a grandeza em Noemi.
- Pedro nunca viu a grandeza em Paulo.
Vê a grandeza, ou o talento depositado nas pessoas é uma revelação do Espírito. No campo missionário não temos números, temos gente. Se temos gente, não importa quantos, temos matéria prima para provocar uma revolução, pois são 99% de pessoas com um talento esperando ser capacitadas para liberar a vida de Deus no avanço do Evangelho na terra.
O problema não são essas pessoas, mais nós, pastores, missionários, líderes, por: (1) sentir que é perda de tempo capacitar essas pessoas de um talento, (2) não ter revelação dá existência dessas pessoas, (3) ou não saber como capacita-las ativando a grandeza de um talento dentro delas, depositado pelo Senhor.
O que diz as Escrituras sobre essas pessoas:
- Que não eram sábios segundo os padrões humanos;
- Que não eram poderosos;
- Que não eram de nobre nascimento;
- Que Deus escolheu ‘como’ as coisas loucas do mundo para envergonhar aos sábios;
- Que Deus escolheu ‘como’ as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;
- Que Deus escolheu ‘como’ as coisas insignificantes do mundo;
- Que elas são desprezadas;
- Que elas nada são;
- Que Deus as escolheu para reduzir a nada as que são.
Não se esqueça que: “a grandeza nas pessoas está oculta”.
Como instruir essas pessoas?
Efésios 4:8-16: “Por isso é que foi dito: Quando ele subiu em triunfo às alturas, levou cativo muitos prisioneiros, e deu dons aos homens. Que significa ele subiu, senão que também descera às profundezas da terra? Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher todas as coisas. E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo. Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função”.
Os “santos” citados nesse texto, são aqueles os que realizam a tarefa do ministério. Aqui vemos dois grupos distintos: (1) os capacitadores: cinco ministérios; (2) e os enviados, os santos.
Isso é interessante. Por quê? Porque Paulo está ensinando o maior plano de Deus para formar pessoas: ‘os cinco ministérios em transformadores de pessoas’. Com esse plano Deus propõe transformar as nações.
Nesse texto de Efésios encontramos a palavra KATARTISMOS. Dessa palavra KATARTISMOS, vem a palavra artífice, artista, artesão, que significa “aquele que trabalha com as mãos para concertar coisas”. A primeira vez que aparece essa palavra no Novo Testamento é em Mateus 4:21: “E, o adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, remendando as redes”. A palavra ‘remendando’ é a palavra KATARTISMOS.
O trabalho de um missionário é KATARTISMOS. Reparar coisas quebradas, vasos quebrados, desgarrados pelo inimigo, improdutivos e treiná-los para ativar o talento de Deus depositado dentro deles”.
Temos a unção para mudar pessoas.
KATARTISMOS significa equipar uma casa para ser habitada, equipar os santos, moldá-los para que o Espírito Santo venha habitar e lhes dê habilidades, para desempenhar a obra do ministério.
KATARTISMOS significa reparar uma rede para os peixes não escapar. Em 1 Pedro 5:3: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”.
O chamado missionário tem a ver com pastoreio das pessoas que levamos a Cristo, isso significa KATARTISMOS, cuidando de ovelhas, não por força mais voluntariamente, não por ganância, mas capacitando, aperfeiçoando para que eles ativem o talento de Deus dentro deles.
Conclusão: Então, concluindo essa palavra, você missionário tem esse chamado de simplificar as coisas, ver o potencial nas pessoas que tem um talento e treiná-las para que elas continuam a evangelização e o crescimento do Reino de Deus na terra.
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Pastor Edmundo Ribeiro Felix, é pastor da Comunidade Evangélica Sal da Terra em Belo Horizonte, autor de vários livros, missionário, formado em Bacharelado em Teologia e Missologia pelo Instituto Oral Roberts na Coreia do Sul, serve a Missão Nations Help. Casado, pai de dois filhos e avô de duas netas e um neto.