A história de Neemias nos traz inúmeras lições e, sobretudo, inspiração. Ele estava trabalhando como copeiro do rei da Pérsia, Artaxerxes I, quando recebeu péssimas notícias acerca dos seus irmãos que habitavam em Jerusalém. Eles se encontravam em condição de extrema pobreza e vulnerabilidade, pois os muros da cidade tinham sido derrubados.
Seu sentimento imediato foi de angústia e compaixão, como manifestações de um amor profundo pelo seu povo e sua terra.
Mas, não se limitando ao sentimento, ele orou pelos judeus. A sequência da história mostra que ele mesmo seria parte da resposta de suas orações. Assim, Neemias se dispôs a ir a Jerusalém para reconstruir a cidade, conforme seu pedido diante do rei:
“Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique”.
(Neemias 2:5).
Autorizado pelo rei, Neemias se dirigiu a Jerusalém para uma missão de restauração. Imediatamente, os inimigos se levantaram contra ele, como está escrito:
“E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito; e escarneceu dos judeus. E falou na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isto? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas?
E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra” (Neemias 4:1-3).
Os inimigos utilizaram uma série de estratégias para combatê-lo: zombaria, acusação, ameaça e até falsas profecias.
Contudo, Deus estava com Neemias e a bênção do Senhor garantiu que, com muito trabalho, a obra de reconstrução do muro fosse concluída.
Além disso, ele estabeleceu líderes, determinou a aplicação da lei de Moisés, levou o povo a renovar sua aliança com Deus, restabeleceu o culto e promoveu iniciativas em prol da justiça social.
Suas ações proporcionaram segurança, dignidade e reforço da identidade nacional dos judeus.
Diante de desafios imensos, ele alcançou resultados gloriosos.
Assim foi a trajetória de um simples copeiro que se tornou governador de Judá, mas nada aconteceu por interesse pessoal. De todo modo, seu exemplo nos inspira ao crescimento. Neemias não se contentou em estar bem informado.
Hoje, recebemos notícias do mundo inteiro, que nos chegam em tempo real, mas qual é o nosso sentimento em relação aos que sofrem? Aquele servo de Deus não foi indiferente nem ficou inerte.
Embora sua situação pessoal já fosse boa, pois estava no palácio do rei da Pérsia, ele se importava com seus irmãos.
No nosso contexto, o amor é a base principal das missões cristãs. Se amamos, fazemos alguma coisa com o propósito de edificar e restaurar.
Em primeiro lugar, precisamos orar sem cessar, em favor dos perdidos e daqueles que vivem na miséria.
Sem amor, toda ação torna-se mecânica. Que o amor seja a principal motivação de todos os envolvidos nas missões mundiais, como escreveu Paulo:
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:5-8).
A missão de Jesus na terra foi coroada de êxito. Assim, apesar da ferrenha oposição do inimigo, as missões do nosso tempo produzirão muitos frutos para a glória do Pai.
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Pr. Anísio Renato de Andrade é analista de sistemas, pós-graduado em Tecnologia da Informação e bacharel em Teologia. Pastor auxiliar na Igreja Batista da Lagoinha e vice-presidente da Associação Oni Movement.